Por Lucas A. Guedes
Acabou o segundo turno. Como previsto por todos os institutos de pesquisas, o candidato do PSL Jair Messias Bolsonaro foi eleito o 38° presidente da República. Mas nos dias seguintes à eleição do capitão da reserva o foco dos comentaristas políticos da grande imprensa continua a ser no… PT. Com uma narrativa própria, chegaram a citar o partido dos trabalhadores como o maior derrotado destas eleições, ignorando que o partido elegeu a maior bancada na Câmara federal¹ e o maior número de governadores nesta eleição².
O PSDB e o MDB, de fato, foram os maiores derrotados desta eleição. O PSDB elegeu uma bancada na Câmara menor que a de partidos como PP, PSD, PR, PSB e PRB, e o MDB ficou atrás de, além do PT, do PSL e do PP¹. Há uma mudança grande nisso já que desde a década de 90 o MDB é base de todos os governos que desde então assumiram a presidência, justamente pelo entendimento de que era preciso buscar apoio do maior partido do Brasil para um mínimo de governabilidade. Pela primeira vez em muito tempo o MDB não será imprescindível para a chamada governabilidade. Mas curiosamente, apesar disso significar uma grande mudança, os “analistas políticos” de nossa imprensa ignoraram o fato. O foco, claro, tem de ser o PT e sua derrota nas eleições presidenciais.
Já o PSDB, que até agora não sofreu nenhuma crítica mais severa de nossos “especialistas” reduziu-se a quase metade da bancada do PT e por muito pouco não perdeu a hegemonia do Governo de São Paulo, que se mantém desde 1995. A votação de João Dória, figura menos psdbista do PSDB atual, lembra e muito a votação de Dilma em 2014 e pode indicar o início do fim da hegemonia do partido no Estado de São Paulo. É possível acreditar inclusive que o PSL errou em não lançar candidato próprio para o governo de São Paulo, pois a popularidade de Bolsonaro no Estado é tão grande que elegeu os deputados federais e estaduais mais votados do Estado e também o senador mais votado, o ilustre desconhecido Major Olímpio. Dória se aproveitou do vácuo de uma candidatura mais sólida pró-Bolsonaro e colou-se na imagem do presidenciável para conseguir a eleição. Mas difícil imaginar que daqui a quatro anos o PSDB tenha um nome forte para manter a hegemonia. Dória deve tentar a presidência e Alckmin saiu pequeno demais destas eleições.
A simples questão que salta aos olhos de todos é que os partidos mais importantes na condução do processo de impeachment saíram menores do que entraram nestas eleições. O próprio relator do processo contra a ex-presidente no Senado, o ex-governador de Minas Antonio Anastasia perdeu de maneira esmagadora no segundo turno para o candidato do Novo Romeu Zema³. Mas a grande imprensa não destacará isso, é claro. O motivo é óbvio.
É importante então observar a maneira como a imprensa tratará o Governo Bolsonaro. Alguns que o criticavam há oito meses hoje só focam no antipetismo, revelando uma mudança quando do entendimento de que o candidato mais forte para bater o PT era Bolsonaro, e não Alckmin. Foi até explícita a ansiosidade da imprensa para as primeiras pesquisas após o início da propaganda eleitoral, acreditando que aquilo faria diferença para o candidato do PSDB. Como diria Fausto Silva: “Errou!”.
O fenômeno PSL/Bolsonaro representa um avanço para a extrema-direita pela via democrática. Teremos um ministro da Economia que pensa em vender todas as Estatais¹ que puder e o Ministério do Meio Ambiente transformado em apenas uma Secretaria num Ministério fundido com o Ministério da Agricultura. É totalmente justificável então o pessimismo em relação ao futuro governo.
As informações podem ser conferidas abaixo: